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CRISE E INFORMAÇÕES ASSIMÉTRICAS

CRISE E INFORMAÇÕES ASSIMÉTRICAS

 

A CRISE DE 2008 E AS INFORMAÇÕES ASSIMÉTRICAS

(continuação de ¨Direito, Economia e Mercados Racionais¨)

 

INTRODUÇÃO

A crise de 2008 revelou o fracasso da teoria econômica dominante e em certo sentido da própria economia. Infelizmente, os excelentes e custosos trabalhos que procuravam desvendar os mistérios da economia foram ¨racionalmente¨ afastados e esquecidos para ceder lugar e serem suplantadas, no campo estritamente ideológico, pela teoria dos mercados perfeitos e comportamental.

Nos dias atuais, a pobreza da teoria econômica é flagrante. Os teóricos comportamentais assumiram o controle e já não se produz alternativas para estes embustes seculares e nem surge algo novo, apenas se administra a crise, com credibilidade duvidosa, por que os interesses e poderes políticos subjugam outros valores.

Até mesmo economistas renomados e do quilate de Joseph Stiglitz, de quem todos somos ferrenhos admiradores, sucumbiram aos novos ventos, tendo sido festejado e agraciado com o Prêmio Nobel, por uma teoria sobre informações assimétricas, ou seja, sobre divulgação de informações e seus benefícios, mas sem maior relevância para a economia, principalmente para a prevenção das crises.

 

A IMPORTÂNCIA DAS INFORMAÇÕES ASSIMÉTRICAS NAS CRISES

As informações, por mais importantes que sejam para a economia, em nada eliminam os riscos de crise em uma sociedade capitalista, como pretendem.  Ao contrário do que se apregoa, a economia de mercado veicula informações até em demasia. Somos bomberdeados diariamente com tantas informações. Difícil é selecioá-las e interpretá-las. E muitas dessas informações são manipuladas por enormes organizações, principalmente no mercado financeiro. Vide o papel das agências de risco na atual crise.

Além disso, as informações são interpretadas por pessoas com diferentes formações acadêmicas e experiências profissionais, que as interpretam com os seus respectivos vieses. Tão ou mais importante que ter acesso as informações é saber como interpretá-las e utilizá-las.

Exemplificando: nem todas as informações chegam com a mesma intensidade para os seus receptores, leitores, ouvintes, se é que chegam. E mesmo, quando plenamente divulgadas e expostas, os seus receptores irão interpretá-las dentro dos seus respectivos limites teóricos, emocionais e experiências profissionais  por que, simplestemente, muitos não dispõem do instrumental necessário à análise. Em outras palavras, é o que Klindleberger chama de dissonância cognitiva.

Uma informação sobre o mercado financeiro não tem a mesma importância e significado para quem nele atua e para quem não é um profissiomnal da área. Imagine-se um profissional que trabalha de 10 a 12 horas por dia, que não tem formação em finanças e que precisa se atualizar na sua profissão. Qual seria a importância para ele das diversas informações disponíveis? Poderíamos avaliar?  E assim por diante. Isto sem perder de vista o fato de que hoje as informações são muito ¨especializadas¨, com uso de termos técnicos em demasia, viajam numa velocidade espantosa e nem todos têm acesso a elas ao mesmo tempo, sendo mais rapidamente captadas por aqueles que se encontram ¨melhor¨posicionados no mercado de trabalho e socialmente.

Portanto, todas informações são sempre assimétricas não só pela falta de divulgação mas também pela maneira de percebê-las, interpretá-las e pô-las em prática. Daí, deduzir que elas são tão fundamentais para o surgimento de crises e para servir de base para negar a existência da mão invisível vai uma longa diferença.

Na realidade, poderíamos dizer que na recente crise as informações assimétricas foram irrelevantes. Existiam, sim, informações plantadas, ¨oba oba¨ e uma teoria econômica respaldada por ilustres teóricos, empresários, principalmente da mídia, através de seus porta-vozes, políticos e até mesmo empresários milionários do ramo financeiro, atuando dentro do governo em benefícios próprios e em função desta ideologia. Ou seja, existia pura especulação. O setor imobiliário era o carro chefe. Construtores, produtores, vendedores, compradores, consumidores e o setor financeiro atuavam freneticamente, sem necessariamente  saberem  o que vendiam, compravam e emprestavam. Possibilidades de ganho, até mesmo as mais ilusórias, eram suficientes para turbinar os negócios. As inovações financeiras, respaldadas por modelos econométricos sofisticadíssimos, estavam de vento em poupa e cumpriam as suas funções em justificar e garantir os fundamentos teóricos e a especulação.

A desregulamentação e a securitização se alastraram com o fundamento de que os riscos estavam ¨racionalmente¨ diluídos e por isso não havia possibilidades de crise. Tudo estava sob controle por que os gênios das finanças eram extremamente racionais. Os modelos serviam para cobrir com uma manta científica as decisões, alijando os simples mortais, incapazes de entender os mistérios das finanças e da complexidade matemática. Todos surfavam ou desejavam surfar na onda da especulação. Todos atuavam ¨racionalmente¨, mas com a alma do especulador.  Vendiam-se informações sem interesse em saber se eram falsas ou não, com ou sem interesse. Nenhuma das pontas (construtores, financistas, consumidores, produtores, vendedores, compradores) sabia e nem queria saber realmente o que vendiam, compravam e financiavam. Vendia-se e comprava-se de tudo sem se importarem com as consequências.

¨A maioria dos quants, disse ele, eram idiotas que só olhavam para o próprio umbigo, cabeças-duras socialmente mal-adaptados, fascinados pelo mundo cristalino da matemática, completamente despreparados para o mundo selvagem e caótico das finanças.

-- A parte mais difícil é o lado humano - disse ele - Nós esttamos molelando seres humanos e não máquinas.

¨Bancos e fundos hedge empregam matemáticos sem qualquer experiência no mercado financeiro para construir modelos que ninguém testa cientificamente em situações para as quais eles não foram feitos, por traders que não os compreendem. E depois as pessoas se surpreendem com os prejuízos!¨  (Patterson, p.370; comentários de Wilmott).

Isto não quer dizer, longe disto, que todos que participaram do processo especulativo e que tentavam dele se beneficiar tiveram as mesmas responsabilidades e importância no que veio acontecer. Em casos como este, sempre existiram as vítimas e os grandes beneficiados , que, por pura coincidência, no caso em questão, eram os políticos, financistas e teóricos mais bem posicionados no topo da pirâmide social. Algo lógico, que também é parte do sistema econômico.

 

OS RESPONSÁVEIS PELA CRISE DE 2008

Querer atribuir responsabilidades igualitárias a todos é mascarar a situação, fazer vista grossa, ignorar as diferenças sociais, tirar as responsabilidades daqueles que se incubem da condução e direção das decisões econômicas e políticas a quem, pressupõe-se, cabem zelar pelo ¨bem¨ e o estado saudável da economia. Esta responsabilidade recai igualmente sobre os ombros daqueles arquitetos e defensores da ideologia dos mercados racionais e perfeitos que, de certa forma, contribuíram indiretamente para alastrar este dogma e que estavam em posição de influir e usuflruir das decisões políticas/econômicas, independentemente de seus interesses mais nobres e estritamente particulares.

Nestes casos, sempre é bom lembrar, existe a força e a atratividade da atividade ideológica/teórica, respaldada por modelos matemáticos sofisticados, que deixa mais vulnerável as camadas menos protegidas da sociedade, os incautos e crédulos, os não experts e os não profissionamente melhor posicionados. Que não podem perceber de que se trata de um jogo de cartas marcadas e que os vencedores já estão ¨previamente¨ definidos. Por uma questão lógica e real, não podem tirar grandes vantagens desse momento da economia.

Ótimo para aqueles que vêm o mundo sob a ótica do darwinismo social, mas que no final das contas se tornaram keynesianos, não por questões ideológicas ou mesmo racionais, mas para assegurar os benefícios auferidos com a especulação e as fraudes financeiras perpetradas. Seria coincidência o fato de que os benefícios são colhidos principalmente por aqueles que estão mais bem posicionados no topo da pirâmide social? Parece haver algo de errado nesta teoria que nunca está em sintonia com a realidade. Seria má fé querer atribuir responsabilidade igualitária a todos, mas, convenhamos, isto também faz parte desta ideologia teórica.

Evidente que a solução não seria deixar o circo pegar fogo, por que embora os beneficiados passassem a não ser tantos, o caos generalizado estaria estabelecido, os mais desprovidos não estariam em melhor situação e os que não foram responsáveis pela crise também seriam penalizados. A socialização dos prejuízos, muito embora não seja a solução ideal, parece ser a mais lógica e menos sofrível, embora difícil de ser avaliada. Pode-se até questionar a forma como está sendo realizada por que nessa hora funcionam os lobbies para garantir os benefícios e quem sabe até tirar mais proveitos com a nova situação. A socialização dos prejuízos deve ser evitada com medidas preventivas, antes de estabelecido o caos e não depois dele. 

Se as dúvidas persistirem basta acompanhar os resultados das investigações e verificar quantos foram legalmente responsabilizados por fraudes e especulação. Seria má fé querer atribuir a todos responsabilidade igualtária. Digno de nota é que o artgo 174 do Código Penal Brasileiro prevê pena de reclusão de 1 (um) a 3 (três) anos pelo induzimento à especulação. É de se supor que exista uma mesma legislação, até mesmo mais rigorosa, nos EUA.

Argumentar que entre os beneficiados estão alguns desafortunados e entre os afortunados possam estar vítimas não invalida o raciocínio. Se os grandes beneficiados fossem realmente os antigos desafortunados o sistema econômico não se sustentaria e estaria fadado a desmoronar.   

Outrossim, as agências de risco entraram na festa e não cumpriram as suas funções, contaminadas pela ideologia dominante, pelo lobby, influência política e pela dificuldade em analisar os modelos matemáticos. ¨Muitos desses empréstimos estavam indo mal, mas os títulos subprime não se abalavam porque a Moody's e a S&P, de forma preocupante, ainda não tinham mudado suas opiniões oficiais sobre esses títulos [...] ¨Sempre fazíamos a mesma pergunta: 'Qual a posição das agências de classificação nisso tudo? ' Sempre recebi a mesma resposta. Era uma reação física, porque não queriam pronunciá-la. Era um sorriso afetado¨afirmou Eisman. Indo mais além, ele ligou para a S&P e perguntou o que aconteceria com as taxas de inadimplência se os preços dos imóveis caíssem. O sujeito da S&P não sabia dizer: seu  modelo de preços de imóveis não tinha como aceitar um número negativo. ¨Eles simplesmente presumiam que os preços dos imóveis residenciais continuaria aumentando para sempre¨disse (Lewis, Michael, A jogada do século, Ed. Best business, 2011, p. 207/8).

¨A função desse departamento era monitorar os títulos subprime e diminuir sua classificação caso os empréstimos subjacentes não tivessem bom desempenho. Os empréstimos estavam indo mal, mas não havia qualquer mudança na classificação dos títulos - por isso, mais uma vez,  Eisman imaginou se a S&P sabia algo que ele não sabia. [...] Nós, é claro, achávamos que as agências de classificação de risco tinham mais informações do que nós¨, disse Eisman. ¨Mas não tinham¨ (Lewis, p. 208). 

O Secretário do Tesouro, Ex-GEO do Goldman Sachs,  estava no lugar certo  para defender os interesses do setor financeiro e seus comparsas. ¨Naquele momento, Henry Merritt Paulson, que passou a vida inteira defendendo o mercado livre, tornou-se o secretário do Tesouro mais intervencionista a ocupar o cargo desde a Grande Depressão. E nem podia esconder sua profunda insatisfação enquanto fazia seu discurso¨(Mcdonald, p. 399). ¨Ele entrou firme, contra todo o seu instinto capitalista, e anunciou a criação de uma linha de crédito de cerca de U$ 85 bilhões¨ (Mcdonald, p. 388).

As fraudes prosperavam, sem que fossem possível dedectá-las. A título de exemplo, o Goldman foi processado por especular, em detrimento dos investidores comuns e em benefício de clientes preferenciais, contra o seu fundo, além de insider trading.

¨Alguns clientes preferenciais, incluindo o banco, foram orientados a apostar contra o produto. Ao mesmo tempo, sem informar, é claro, o banco vendia cotas desse fundo aos clientes comuns¨ (Mello, p. 91). Para coroar os problemas do Goldman Sachs existe uma nova acusação de insider trading. Alega-se que os executivos do bando desfizeram-se das ações, após o aviso de que o banco seria processado, e antes que os demais acionistas fossem informados do problema¨(p. 92)

O presidente do FED, outro adepto dos mercados perfeitos, também estava lá para por mais lenha na fogueira da especulação. Por conseguinte, não podemos analisar a relação governo e iniciativa privada sem adentrarmos nessas questôes, pois existe uma verdadeira relação simbiótica entre eles, assim como entre ideologia e teoria econômica dos mercados perfeitos. Essa questão não é tão simples quanto parecem fazer crer estes ideólogos, que a resumem em mais ou menos governo.

Não será difícil prever o enredo do próximo capítulo da novela. Os economistas racionais, inconformados com a evidência dos fatos, que vão de encontro as suas idéias, concentrarão esforços para demonstrar que a crise veio em decorrência da imprudência do governo. Rios de dinheiro serão gastos para ¨comprovar¨os mesmos pressupostos, até que uma nova crise nos leve novamente ao fundo do poço.

Já começaram a lançar as sementes para a colheita futura: o governo teve uma contribuição muito importante para a crise. E, pelo andar da carruagem, num futuro próximo será o grande e único responsável.

Esquecem, ou fecham os olhos, para o fato de que as ¨intervenções ¨ do governo estavam respaldadas e influenciadas pelo dogma sagrado dos mercados perfeitos e racionais. Que os porta vozes dessa ideologia estavam em postos chave do governo e ditavam as regras do jogo. Basta verificar onde se encontravam o Sr. Greespan e o Sr. Paulson e qual ideologia defendiam. O Sr. Greenspan era o gênio das finanças e o que ele falava era lei. Já vimos a sua mea culpa. Não só ditavam as regras como se beneficiavam delas. 

Conforme afirmei acima, não existe esta ¨neutralidade¨ absoluta do governo. Pensar desta forma é ingenuidade ou má fé. Como é difícil acreditar em ingenuidade desses personagens que atuam no mercado financeiro e fazem lobbies para verem aprovadas as suas propostas, deduz-se que trata-se mesmo de má fé. Se existisse justiça deveriam responder civil e criminalmente.

Por mais que queiramos, nunca poderemos avaliar a exata dimensão da contribuição efetiva do incentivo à concessão do crédito imobiliário na crise. As ações tomadas estavam em sintonia com a ideologia dos mercados racionais e perfeitos. Impossível separar. E os responsáveis eram os ideólogos, que também atuavam em benefício próprio.

Evidente que as ações do FED, dando liquidez à economia em momentos inoportunos, estimularam e provocaram ainda mais os movimentos especulativos. Entretanto, diante de outras diversas medidas econômicas e políticas que estimulavam a especulação desenfreada, não devemos aceitar a dedução simplória de que suas ações em sentido contrário seriam suficintes para apaziguar os mercados e evitar completamente a crise.

Diante da atuação desastrosa do FED, conduzida pelos ideólogos dos mercados perfeitos, não será surpresa que os racionais mais radicais advoguem a sua extinção, descarregando sobre os seus ombros toda a responsabilidade pela crise.

Será mera coincidência o fato de que os economistas que alertaram e previram a crise não eram partidários deste dogma? O tópico seguinte trará mais informações sobre esta relação público/privado.

 

TEORIA E PRÁTICA NOS MERCADOS FINANCEIROS

Um pequeno exemplo de como as coisas funcionam na prática. ¨Com o presidente Clinton apenas três anos antes, os grandes bancos mais uma vez juntaram forças para tentar abolir a lei Glass-Steagall, e mais uma vez falharam, graças ao ferrenho lobby dos pequenos bancos regionais¨. ¨No dia 6 de abril, o Citicorp anunciou uma fusão com o Travelers Insurance [...]. A fusão criaria um conglomerado envolvido nas atividades de banco comercial, seguros e banco de investimentos, desafiando abertamente a Lei Glass-Steagall¨ (Macdonald, Lawrence G. Uma colossal falta de bom senso, Ed. Record, 2010, p.23).

¨No entanto, os mais poderosos lobbies financeiros do país queriam o fim da Glass-Steagall. E bombardearam os políticos com milhões de dólares de contribuições para suas campanhas eleitorais. Eles pressionaram o Congresso de todas as formas para acabar com a legislação tida como antiquada. Inevitalvelmente eles venceram¨(p. 24).

Convocado para prestar esclarecimentos no Congresso Greenspan falou: ¨Nas últimas décadas, vimos a evolução de um amplo sistema de precificação e gerenciamento de risco, que combinava os melhores insights de matemáticos e de especialistas em finanças, apoiados em grandes avanços da informática e da tecnologia de comunicação - disse ele. Um prêmio Nobel foi concedido para a descoberta do modelo de precificação que é a base de muitos dos avanços nos mercados de derivativos - acrescentou ele, se referindo ao modelo de opções de Black e Scholes¨( Patterson, p. 334).

¨ -- Encontrei uma falha no modelo que eu via como a estrutura crítica que define como o mundo funciona, por assim dizer. (Greenspan)

O modelo a que Greenpan se referia era a crença de que as economias e os mercados financeiros se corrigem sozinhos - uma ideia tão antiga quanto a misteriosa ¨mão invisível¨ de Adam Smith , em que os preços guiam os recursos em direção aos resultados maiis eficientes, através das leis da oferta e demanda¨ (Patterson, p. 335).   

Mesmo assim, não podemos saber o quanto as informações são assimétricas e nem medi-las e avalia-las, cientificamente falando, ou seja, não sabemos quantificar a sua extensão. 

Fundamentalmente, as crises econômicas na sociedade capitalistas acontecem por crises financeiras (MInsky), incluo nestas as cambiais, por insuficiência de demanda agregada (Keynes, Kalecki),  por superprodução (Marx) e crises externas, no balanço de pagamentos. Em outras palavras, os mercados não entram em crise em decorrência das informações assimétricas. Elas também são inerentes ao sistema e não tem como evitá-las. E mesmo que fosse possível evitá-las ocorreriam crises. Os fatos comprovam as crises e já foram exaustivamente revelados.

Nesse sentido, a teoria sobre informações assimétricas pode até mesmo ser considerada um desserviço à economia, por trazer novamente à superfície e ao debate assuntos que há muito já deveriam ter sido relegados e que não contribuem efetivamente para evitar as crises, pois deslocam o foco do problema. Qual a necessidade de se dar tanta importância a ela?

Não devemos esquecer que vivemos numa sociedade focada na especialização, considerada uma das razões da superioridade da economia capitalista, segundo os clássicos, notadamnete Smith. Mas a especialização traz os seus impasses.

 

A IDEOLOGIA E SEUS EFEITOS FUNESTOS

Depois de mais de dois séculos os famosos economistas chegaram a conclusão de que a mão invisível não existe, em casos específicos, por que as informações assimétricas têm um importante papel sobre a sua não eficácia e no surgimento das crises. Têm, até mesmo, papel mais relevante do  que a demanda agregada e as crises financeiras, tendo em vista que foram varridas para debaixo do tapete, para dar espaço a nova descoberta.

Causa espanto como pessoas tão inteligentes, capazes de elaborar modelos econométricos sofisticadíssimos, se ocupam de coisas tão infrutíferas e irreais.

Para administrar a economia é necessário conhecer como ela funciona, quais são as suas leis básicas, os seus fundamentos. Assim, pode-se atuar na prevenção das crises, adotando-se normas e medidas que inibam a especulação, freiem o individualismo exacerbado e danoso e estimulem a produtividade, redirecionando, em alguns casos, os estímulos, com vistas a um melhor benefício para todos. Indubitavelmente, delegando estas atividades e poderes à mão invisível não alcançaremos estes objetivos.

Este debate sobre eficiência de mercados e alocação de recursos talvez fizesse sentido em uma época em que o sistema capitalista precisava se firmar como um novo sistema econômico, superior aos que viria substituir e como prevenção ao que lhe ameaçava, ou seja, o socialismo.

Hoje, o sistema capitalismo navega em águas relativamente tranquilas, no que tange àquelas ameaças, daí a necessidade de mudar o enfoque e admitir as suas deficiências, encarando-as de frente e propondo alternativas práticas e viáveis para enfrentá-las, pois a ameaça à sua existência está em não reconhecer, enfrentar e encontrar soluções plausíveis para os seus problemas intrínsicos.

 

RESUMO

Conforme procurei demonstrar neste pequeno texto a teoria das informações assimétricas não explicam o surgimento das crises econômicas na sociedade capitalista.

É uma teoria sem maior expressão, muito embora, queiram lhe dar um status de uma grande teoria, por ter sido formulada por um famoso e grande economista. Não explica e nem contribui para solucionar as crises.

Como diversas outras teorias na esfera econômica cumprem apenas  uma função ideológica porque incapaz de realçar os permenores das crises econômicas. É totalmente desnecessária para negar a eficácia da mão invisível e dos mercados racionais. 

Ao mesmo tempo presta um deserviço a sociedade e ao meio acadêmico ao se direcionar a um novo foco, afastando-se dos ensinamentos de Marx, Keynes e Mishkin, que deram grande contribuição para entender as crises e superá-las.

Relegam fatores importantíssimos que desencadearam a crise de 2008.

 

(Continuação de Direito, Economia e Mercados Racionais - Uma Crítica aos Economistas Racionais). Rededigido e refistrado em maio 2010

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